Eu não sei ler, escrever nem amar.
Não me conheces nem nunca ouviste de falar
De mim, que ando desaparecido em tempos
Repartidos pelos sete ventos.
Às vezes, quando passas por mim
Apressado, assim
Como se te fosse indiferente,
Sinto-me demasiado independente.
"Não vale a pena", penso eu,
"Não sou nada nem mereço sê-lo".
E sento-me na primeira calha que encontrar;
Parar e apreciar
Do que a vida tem de menos mau.
Um dia descobrirei a nau
Que me navegará pela razão
De tudo isto. Senão,
A calha já se familiarizou,
Com aquilo que penso, sinto e sou.
Há quem diga que vou errante.
Eu prefiro dizer que sou amante.