...o meu "sketchbook"... o meu bloco de notas... o meu eu...

04
Out 09

Onde já ouvi isto???

 

Faz parte do conformismo quotidiano dar valor às coisas ditas normais: pessoas, objectos, pensamentos, acções, feitios...coisas. Vivemos num mundo em que ter (+) dois dedos de testa pode significar "inquisição" ou a good old marginalização. Alias, decerto que já sentiste que, daquela vez que te quiseste destacar dos demais e ser um pouco mais, melhor, para ti ou para os outros, sentiste logo aquela comichãozita subtil dos olhares de soslaio e do cochicho sempre oportuno. Quanto a isso, podem defender que todos somos humanos, raça superior que é competitiva por natureza e que vivemos numa sociedade onde o mais forte predomina. Respondo eu: talvez não o mais forte, mas o que pisa mais, morde mais, esmaga mais, acotovela mais, pontapeia mais, mente mais e, para variar, o que tem mais cunhas. Estes, parece, são os Normais. Poucos são (e louvados sejam) os que sobem na vida a título próprio, e chegam ao Everest com o próprio suor. Pity…

 

Chega da vertente 'crítica social '.

O que me levou hoje a escrever foi o titulo do post.

 

 

 

"És normal"

Muitas vezes levado como um elogio, outras tantas como defeito. O Zé Povinho serve se da expressão como bengala de discurso, para classificar, categorizar, adjectivar, confortar, porque sim ou apenas porque é uma boa deixa para mudar de assunto: "é normal..".

Mas já alguém parou para pensar o que raio significa normal?

O que me dá graça é quando este adjectivo é aplicado a pessoas, gente humana.

 

Normal: (dic.) "Conforme à norma ou regra comum; habitual."

 

Qual é a norma ou regra comum? Eu não assinei nada à nascença, espera aí…

Mas nós somos, realmente, normais em quê?

Somos diferentes em basicamente tudo! Quer física quer psicologicamente. Não se pode comparar uma pessoa a um conjunto de outras e defini-la como normal! Tem sempre outro feitio, outras maneiras, outras ideias, outros tiques, outras perspectivas e opiniões. Normalidade é um conceito meio utópico, se me permites… É cuspido da boca para fora, como se fosse um papel de embrulho que envolve toda a gente: fica sempre bonitinho estar dentro. E se é certo que é muito encorajado nos dias de hoje, também é certo que nós temos a nossa quota-parte de culpa: queremos vestir igual, pensar igual, opinar igual, ver igual, ter igual, SER igual… Procuramos o dito "embrulho", sem percebermos que cada um de nós é uma prenda por si só. Somos diferentes, no way we can change that…too bad…

 

Por isso, defendo que nós devemos evidenciar as nossa diferenças e sentirmo-nos orgulhosos delas, porque somos únicos. Se não as tivessemos, seriamos todos uma produção em série sem interesse. Vê-se regularmente na TV o resultado da repressão das nossas pequenas excentricidades e singularidades: homicidios, suicidios, consumo de drogas, alcool... Não deveríamos andar tão preocupados em seguir nos carris das modas, mas de vez em quando deitar a cabeça fora da carruagem e gritar bem alto por algo que queremos. A normalidade não existe, cada um é uma diferença por si só. E devíamos andar mais preocupados em aceitar as diferenças (nossas e dos outros) do que a procurar a nossa (falsa, mas conformista) normalidade.

 

Penso que é justo afirmar que somos diferentes, na nossa normalidade…

 

Também há muito o medo de pensar por si próprio, virar um bocadinho o traseiro á Mãe Sociedade e pensar por cabeça própria. Espírito crítico, inteligência, sabes? Qualquer empreendimento ou aventura que façamos para "receber daquilo que aumenta o coração" (Mafalda Veiga, Restolho) fora do "normal" é visto como afronta, principalmente por aqueles que não têm a coragem para o fazer: "Ai, olhem para nós: estamos tão bem aqui no embrulhinho e aquele carapau de corrida vai-se aventurar a conhecer a mesa de jantar do bacalhau da consoada…tss!". A sério que estas nossas pequenas revoluções e "sedes de mais" provocam sempre maus estar, comichão e dores de cabeça a outrem…too bad…

By... PalavraPuxaPalavra às 17:47
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